O que muda no panorama da construção civil com a pandemia de coronavírus
Os setores econômicos brasileiros entraram em estado de alerta com a chegada da pandemia de coronavírus ao país. O positivo panorama da construção civil, que vinha sendo desenhado para 2020, foi colocado em xeque. Até então, especialistas comemoravam o crescimento do PIB, o aumento das contratações e a queda da SELIC. Mas o quanto o COVID-19 está realmente afetando a construção civil? Este continua sendo o grande ano da virada do setor?
O funcionamento e restrições aplicáveis à construção civil passaram a ser discutidas, principalmente, na segunda quinzena de março. Nessa ocasião, foram publicados decretos presidenciais que regulamentam as atividades essenciais autorizadas a permanecer em funcionamento. Ainda assim, Estados e Municípios foram autorizados a regulamentar atividades comerciais e industriais, respeitando as peculiaridades regionais. Poucos foram os estados brasileiros que exigiram a parada do setor da construção civil.
No geral, setor não parou
No Distrito Federal e em São Paulo, por exemplo, o setor continuou suas atividades normalmente, até porque os governadores entenderam que muitas das obras em andamento eram importante para o atendimento de necessidades da população. Para garantir a segurança dos trabalhadores, o Sindicato da Construção de São Paulo (SindusCon-SP) determinou uma série de medidas diante da pandemia do coronavírus.
Entre as diretrizes listadas pelo SindusCon-SP, e por entidades de outros estados, estão adaptações necessárias para garantir a saúde dos trabalhadores. Disponibilização de álcool-gel 70% para higienização das mãos, orientação para evitar aglomerações, afastamento dos trabalhadores de grupos de risco,
Panorama da construção civil em SC
Santa Catarina esteve entre as exceções. No dia 15 de março o governador Carlos Moisés decretou situação de emergência no estado e divulgou uma série de medidas restritivas, que incluíam a suspensão das atividades de construção civil. O setor, então, respeitando as diretrizes governamentais, parou obras e atividades.
Porém, pouco mais de duas semanas depois, através da Portaria 214, a Secretaria de Estado de Saúde, autorizou a liberação das obras privadas de construção civil e de sua cadeia produtiva em Santa Catarina, “inclusive aquelas prestadas por profissionais liberais ou autônomos, englobando construção de edifícios, obras de infraestrutura e serviços especializados para construção”.
O documento inclui diversas condições para a realização das atividades, como intensificação da limpeza, respeito às normas de distanciamento social, e cuidados com os trabalhadores. Desde então, portanto, as construtoras voltaram com as operações, tomando os devidos cuidados, e estão agora com as obras aceleradas no Estado.
Medidas dão fôlego à construção civil
De toda forma, com o objetivo de mitigar os possíveis impactos da pandemia no setor da construção civil, a Câmara Brasileira da Indústria Civil (CBIC) vem dialogando com o Governo em busca de apoio. Em entrevista ao Estadão, o presidente da CBIC, José Carlos Martins, afirmou que o governo prometeu medidas que devem dar um fôlego maior ao setor e manter o panorama da construção civil positivo.
No dia 30 de março, por exemplo, o Ministério do Desenvolvimento Regional liberou a contratação das faixas 1,5 (renda familiar bruta de até R$ 2,6 mil) e 2 (renda familiar bruta de até R$ 4 mil), do programa Minha Casa, Minha Vida, com recurso de 100% do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Martins ainda defende, e espera, a flexibilização de exigências cartoriais, uma vez que estão fechados.
E, para preservar os empregos da construção civil e manter o mercado imobiliário no caminho da retomada, a Caixa Econômica Federal divulgou no começo de abril a injeção de R$ 43 bilhões no setor, por meio de dez medidas. Entre elas está a carência de 180 dias para financiamento de imóveis novos, que beneficia tanto construtoras como interessados em adquirir moradia.
Investimento inteligente e seguro
Dito isso, fica evidente que investidores e compradores em geral podem continuar apostando nos imóveis como um investimento inteligente e seguro. É inteligente por ser um investimento com boa chance de valorização e por ser um ativo de baixa sensibilidade às instabilidades econômicas. E investir em imóvel na planta é seguro principalmente quando a obra conta com financiamento empresarial por instituição financeira e possui seguro de responsabilidade civil.
É claro que, em função das paralisações pontuais e da cadeia de fornecedores, pode haver algum tipo de atraso nas obras. Porém, o mais provável, é que as construtoras consigam, em pouco tempo, recuperar o andamento do cronograma e honrar com seus compromissos com os compradores.